quinta-feira, 11 de março de 2010

Diamantes de Serra Leoa deixam rota de contrabando

Os diamantes de Serra Leoa deixaram de financiar atividades de grupos armados para fazer parte da rota legal do comércio internacional de pedras preciosas. A conclusão está na segunda edição da Revisão Anual sobre a Indústria de Diamantes de Serra Leoa editada pelas organizações Parceria África/Canadá (de Ottawa) e Rede Movimento pela Justiça e Desenvolvimento, de Freetown, capital de Serra Leoa.
O país, cujo nome já foi sinônimo de diamantes de guerra, vem aumentando a transparência das suas exportações mas, segundo o relatório, ainda tem um longo caminho a percorrer antes que os lucros com as pedras preciosas beneficiem toda a população.
As organizações reconhecem o esforço do Departamento do Ouro e Diamantes que avalia e tributa as pedras para exportação em dar ao negócio “transparência e profissionalismo sem precedentes em outras instituições do país”.
As exportações de diamantes pelo país quase duplicaram, passando de US$ 74 milhões em 2003 para US$ 126 milhões em 2004. O fato se deve, no entanto, mais a fatores externos - como o Processo Kimberly - que forçaram as vendas das pedras aos canais legais do que ao combate à extração ilegal e ao contrabando. Segundo o documento, algo entre US$ 30 milhões e US$ 170 milhões em pedras foi contrabandeado para fora do país no ano passado.
Até o fim da guerra civil, três anos atrás, o governo não lucrava praticamente nada com o comércio de diamantes. As pedras eram usadas para financiar a compra de armas e drogas usadas na guerra.
Outro fator que contribuiu para a legalização dos diamantes, foi o fechar da rota usada tradicionalmente para o contrabando das pedras através da fronteira com a Libéria após a queda do ex-presidente liberiano Charles Taylor.
Ainda segundo o documento, a população também foi beneficiada já que pôde retornar para o trabalho de extração sem ser ameaçada já que as principais reservas eram controladas pelas milícias armadas.
A extração artesanal da pedra bruta responde por 90% da produção nacional e é a segunda maior fonte de subsistência depois da agricultura familiar. Hoje, existem cerca de 120 mil pessoas a trabar nas minas fluviais – sendo dez mil crianças. Pouquíssimas, no entanto, enriquecem.
O comércio das pedras é controlado pela comunidade libanesa que vive no país e a extração das pedras brutas em locais profundos está nas mãos de apenas uma empresa. Mas o governo de Serra Leoa afirma que existem várias companhias internacionais a fazerem preparativos para operar no país.

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